sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O poeta

O poeta se envenena quieto
a passo lento
sereno.

A cada tragada,
uma coçada no cabelo crespo
um olhar a esmo
um clarão de ideia.

O poeta volta a pegar a pena
e rabisca...
e escreve...
um poema.

Mais uma tragada pra sentir o veneno
do mundo que o cerca
das pessoas que o rodeiam
de tudo que é seco,
sem vida,
sem poesia.

Um último trago,
um último clarão,
uma última olhada a esmo
e enfim o poeta se torna poesia.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Aleatório

Nada em mente,
nada e mente,
nada mente,
tudo é verdade sobre a gente.

Me conta um conto,
que te mostro o ponto,
não é que eu duvide,
mas me conte o ponto,
que eu te mostro o conto.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

...

Dor que cresce e quer explodir,
dor de estar desperdiçando alguma coisa,
dor por talvez estar prejudicando quem eu amo ou já amei,
dor por muitas coisas.

Sinto dor pela dor dos outros,
queria a cura em caixinhas,
caixinhas de risos,
risos e enfeites,
ao alcance de todos.

Maldita dor,
sai de mim!

domingo, 27 de janeiro de 2013

Santa Maria

Mãe de Deus, que nada!

Hoje Santa Maria estava em todas as casas, não rogava por nós, nos causava tristeza, sofrimento, dor, e silêncio. Hoje Santa Maria nos unia, nos trazia de volta o que é ser humano. O que é se importar com quem nem ao menos conhecemos, o que é partilhar um mesmo lar, um mesmo sonho, a mesma vida. O que é sentir esperança, o que é se desesperar ao ver a lista de mortos crescer. Nos mostrou sobretudo, que ante o mal, amamo-nos uns aos outros.

Benditos foram os 233 frutos de vosso ventre, Santa Maria. Hoje os frutos vão-se antes de madurar. Culpa de quem? Há uma lista infinda de alvos, mas não sofrem eles já? Culpamos quem então? Aqueles que procuram a quem culpar? Não, ninguém. Se precisarmos de algum culpado, culpemos a vida, pois foi ela que foi-se embora e deixou ao relento um corpo frio, vazio em seu lugar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Conto de 3 segundos

Essa não é uma estória normal, ela se passa em 3 segundos. É o tempo que levou para duas pessoas, relembrarem seu passado junto, duas metades que um dia sonharam ser um todo. Mas de sonho, apenas uma delas entende, a outra apenas raciocina, mas raciocina errado. Não leva qualquer emoção em questão. É certo tomar alguma decisão, sem antes consultar o coração? Não o coração, bobo, este apenas de dirá "Tum Tum", mas a nossa consciência emocional. Certo ou não, era o que uma das metades fazia. A outra, pobre coitada, ficava a mercê das consequências da escolha de sua metade. Confuso dilema, pobrezinha, mas não tinha o que fazer, era sua metade, ou pelo menos assim achava. Assim achava, pois quando avistou sua metade vindo em sua direção, em 1 segundo relembrou tudo o que viveram, virou de costas e torceu para que viesse ao seu encontro. Enquanto isso, sua mente voava, qual seria o melhor jeito para começar uma conversa, qual seria o motivo de tal conversa, haveria conversa? Virou-se e foi então que se viram, as metades se olharam e o pacto havia sido feito, seriam sinceros, este foi o segundo segundo da estória. Depois de tal ato, o terceiro segundo foi o toque. Sentiu o que havia sentido e desejado por tempos e tempos, olhou perplexo, alegre e risonho, mas perdeu toda sinceridade. Sua metade? Talvez tenha sido... em outro tempo... em outra vida... em outra estória.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Triste dia ensolarado de céu azul

Hoje me sinto abatido,
vejo que nada faço para o melhor,
queria ser alguém importante,
alguém que fizesse diferença,
ser uma pessoa boa, pelo menos.

Mas isso é estranho,
prego a bondade,
e não sei como fazê-la,
farei o que se fracassar com meus valores?
Perceberei que estarei errado antes do fracasso?
Se fracassar, terei para onde correr?
Conseguirei me levantar?

Dúvidas... dúvidas... dúvidas...
Antes isso até me fazia rir,
hoje muito me assusta.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Lapso

Viva a vida velha e bela,
vida vinda de outra data,
viva a vinda de outra vida,
vinda da aurora de pasárgada,
vem, ó vida...
brota em teu ventre ventos bons,
veste a veste da outra vida,
e venha agora pra ficar,
vida minha n'outra vida,
vá-se embora devagar.