quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A gente se entende

Quando você jurou seu não-amor,
feriu-me de maneira fatal,
sabia que aquilo morto em mim foi obra tua,
e por isso amava-te mesmo assim.

Quando viu que eu estava prestes a matar este cadáver de paixão,
abandonou teu orgulho e pediste a redenção,
aquilo ressuscitou o teu amor,
mas me mostrou algo que estava claro e não vi.

Convivi mais com teu não-amor,
e nele me afeiçoei,
tu mesquinha como sempre,
tirou de mim o que me fazia lembrar de ti,
em troca de promessas de amor,
amor esse que contigo não vivi.



quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tenho a impressão de que vou desistir, estou deixando-me corromper pelo sistema. Pensei que se eu estivesse inserido nele, mas resistisse, provaria que há uma chance, mas parece que não há. Falta força, motivação e companheiros. No mundo deles, tenho vários amigos, mas no meu é apenas eu, ninguém compartilha do meu querer. O meu querer não importa, por isso não será relatado. O que importa é que a humanidade é assim, fraguimentada. O sistema é um quebra-cabeça de retalhos. Assim ninguém tem a grandeza de fazer falta. O pior disso tudo é que jurei que quando eu estivesse pensando o que estou, não pensaria, não dá, previ, mas não consigo me impor. Talvez exista mesmo o destino, tomara que não.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Resultado de uma realidade não bem vinda

Mundo bom,
mundo são,
hoje teus fihos não te adulam,
e tua vida é um marasmo.

Mundo dos enfermos e soberanos,
Constante para os desgraçados,
maleável para os deuses,
tua justiça divina enobrece meu querer.


Exploda-te mundo inerte,
quem sabe assim,
menos sangue se derrame por conta de caprichos sórdidos,
e o pavor tanatológico perca-se em tanta luz.

Ah, vida atrás da cortina

Ah meu amor,
como queria te amar para sempre,
ah meu amor,
acabou e agora não há nada a fazer.

A paixão arquiteta e solidifica,
o amor preenche as lacunas,
pouco depois bem sorrateiro,
desaparece e transforma sua obra em pedaços,
retalhos de uma vida bem amada,
pedaços de amores mal vividos.

Há sim,
sempre a esperança,
mas para que saciá-la,
se o bom da vida é o imperfeito.

Prefiro meu pranto,
ignorante e inexato,
assim esqueço-te logo.

Logos esquece a ti,
Eros retoma,
eu apenas observo e sofro as consequências.

sábado, 6 de agosto de 2011

Mundo Abalizado

Mundo são e ignorante,
quanto de teu sangue derramado,
em troca de um trocado,
quanto de teu manto adulterado,
em troca de promessas de cuidado.

Quanto tédio desregrado,
quanta rima, mal danado,
isso tudo para louvar a ti, amigo amado,
ó meu mundo mau cuidado.

A Dois

Olha teu rosto,
em teu espelho,
vê tuas mentiras,
vê tuas promessas,
vê teus quases,
vê.

Temia por isso,
tu não vê.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

História exata é história mal-contada

Renato estava cansado de sua vida de trabalho rotineiro. Todo dia os mesmos horários. Cansativo, dizia. Em um de seus fins de semana de folga, resolveu sair da cidade grande e visitar seus parentes no interior.

Chegou à casa de sua tia e foi recebido muito bem por todos. Um belo almoço, gargalhadas, cerveja e música. Isso já bastava para lhe tirar todo o stress. Na parte da tarde foi conhecer a cidade - já havia visitado a cidade mas isso já tinha algum tempo - e resolveu conhecer o buteco local. Estava acompanhado de seu primo. Pediu uma cerveja e ficou conversando com seu primo no balcão.

Renato e seu primo haviam tomado 2 ou 3 garrafas e então surgiu um figura. Seu primo lhe contou que aquele velho havia ficado louco e matou esposa e filhos. Era jornalista de cidade grande, ganhava bem, mas se entregou às drogas e ao álcool. Certa noite após ficar bêbado e usar drogas, voltou para sua casa e matou toda sua família, a polícia chegou pela manhã e ele estava desmaiado com a arma na mão. Não se lembrava de nada, mas confessou. Não pôde ficar preso pois foi atestado como louco e já que não havia sanatório em sua cidade, foi mandado para uma clínica de reabilitação. Fugiu e aí está.

Quando velho se aproximou, Renato sentiu um frio na barriga e ficou em alerta. O velho muito bondoso pediu um trocado para comprar uma birita. Renato deu, o velho pediu uma "branquinha" e tomou em um gole só. Ao ver aquilo Renato resmungou para seu primo: "Tem gente que não aprende nunca, por isso o mundo tá do jeito que tá". O velho escutou e disse : "Meu filho, a verdade pertence à Khronus e ele engole tudo o que é seu. Aprendi a vencer o que não posso lutar contra. Basta seguir minha vida em paz comigo mesmo."

Renato entendeu, engoliu seco, pagou a conta e foi embora. Pensou: "Talvez um dia o mundo mude."

O mundo poderia...mas agora não.

Era um dia de sol, mas fazia frio. Ele estava sentado no sofá, sem pensar, mecânico. Assistia à TV e isso o preenchia como nunca o havia feito. Levantou e foi fazer um café, afinal, estava frio.

Na cozinha havia pouco. Duas panelas, água, açucar e café. Era o que precisava, nada mais seria útil naquele momento. Esquentou a água com grande animação, aquela tarefa necessitava de grande atenção, colocou o café e o açucar no copo e em seguida despejou a água. Pronto. A  bebida estava perfeita, um pouco rala, mas estava perfeita.

Voltou ao seu aposento, sentou e tornou a contemplar sua bela, nada poderia o tirar de lá, pensou em fumar um cigarro. Mas não fumava. Estava solitário, com frio e completo pois tinha a compania de vários programas. Sua vida se limitava ao existir. E para ele, isso já bastava. Como ele mesmo disse: "As flores simplesmente existem e morrem, e mesmo assim todos cantam sua beleza".

Ele sentia frio mesmo estando embaixo de um teto e com roupas quentes, isso o fez pensar em todas as pessoas que não possuem tal regalia. Ele ficou triste e questionou-se se aquilo era justo. Não era. Mas já não tinha mais importância, o programa que acabara de começar sugou-lhe todo o raciocínio e prendeu-lhe a atenção.

O tempo continuou andando e ele permaneceu estagnado em seu nirvana.