sábado, 21 de janeiro de 2012

O diálogo dos olhos

Olha pro céu!
Algo vem se tornando cada vez maior,
cada vez ofusca mais o sol,
cada vez se torna mais nítido aos meus olhos,
silêncio,
eis que ouço o baque!

Olha pro chão!
Aquilo caído,
sem forças,
sem credo,
sem vida,
aquilo é nosso fruto,
nossa herança.

Olha a janela!
Há manchas por toda parte,
a lágrimas por todo ser,
há cruz em toda graça,
quem dera fosse um quadro essa janela,
quem dera fosse uma janela esse espelho.

Mesmo assim...
Olha lá atrás!
Não há beleza e nunca houve,
há sempre alguém a se fazer mal,
há sempre alguém que o poder é total,
e sempre com imaculada graça,
torna a fazer ao povo desgraça.

Olha lá adiante!
Não há mais sombra daquele,
agora estamos por si,
não há mais louco a contestar nossa justiça sagrada,
há ainda aqueles que tendem a exaltar o esquecido,
criemos pois outro,
agora deveras bom e justo.

Olha pro céu...

A humanidade floresce em caminhos floridos,
mas não feito rosa,
e sim,
erva-daninha.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Foi Quase

Explodi e segurei,
talvez não uma explosão,
mas a redoma rachou,
de lá saíram coisas sufocantes,
ficou mais confortável aqui dentro,
logo mais penso em jogar fora outra coisa.

Algo ainda me encomoda,
este algo ainda não fiz,
ao invés de um vazio,
este preenche uma grande parte aqui dentro,
seria um paradoxo,
ou uma nova lei?

Coisas inexistentes ocupam espaços?
Talvez aqui,
dentro da redoma,
talvez não seja inexistente,
talvez existe mas não agora,
uma prévia de um há-de-vir,
um tira-gosto pro banquete,
sendo ou não sendo,
isso sufoca e machuca,
me dói saber que terei de arrancar apenas uma metade,
torcendo muito para que a outra morra logo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Paz

E logo vem o começo do amor...

Vem rápido uma luz,
algo brilhante e bonito,
faz barulho mas nada escuto,
de um lado pessoas correndo atordoadas,
de outro pessoas sem saber o que acontece,
é agora,
é já...

Logo vem o amor...

Compreende-se então que o ódio foi em vão,
esquece-se o rancor,
pratica-se o perdão,
e é tudo tão automático,
tudo tão voluntário,
o que há de mais bonito e bem-feitor neste mundo se não este clarão?

Logo vem o amor...

Agora percebe-se que os loucos eram os sãos,
os próximos somos nós mesmos,
a vida em harmonia seria tão simples se houvesse outra chance,
mas infelizmente ou não,
não há...

Logo vem o amor...

E agora,
que chega o fim,
que o céu estremece e ruge,
agora percebe-se que o amor sempre esteve aqui,
foi no começo do fim,
que pudemos nos chamar de humanidade,
e morrer como tais.

Foi no começo do fim,
que descobrimos o amor,
foi na hora do adeus,
que conquistamos o paraíso.

E acaba-se de esvair o resto de amor...