quinta-feira, 10 de março de 2011

O trabalho engrandece o homem

Ele saiu de casa e disse que voltava às seis, pegou o ônibus e partiu pra seu emprego medíocre, em sua sala medíocre, naquele escritório medíocre. Tudo normal. Chegou, sussurou algo para sua colega de trabalho na sala de café, e ela riu concordando com tudo, como sempre, na certa era algo como: " Bem que podia ser cinco e meia, né" ou então " Nossa, se hoje fosse sexta-feira ein..".

Saiu e foi fazer seu trabalho arduo, algo como conferir papelada, carimbar alguma coisa, se estressar por nada, não rir do engraçado e esquecer do que há lá fora. Fez como ninguém, acho que ninguém no mundo faria melhor sua tarefa, porém às cinco e meia, algo ainda o faltava,mas já estava voltando pra casa.

No ponto de ônibus veio a surpresa, o ônibus estava lotado, não havia lugar, porém nada de especial para ele, ja se acostumara com isso, o que não o agradava era ver velhinhas em pé e marmanjos sentados. Era um sujeito de personalidade forte, odiava desigualdade e desrespeito, porém deixou passar, só essa, da próxima não haveria de deixar o marmanjo sentado. E assim foi o caminho todo. Chegou em casa e para sua surpresa era quase seis e trinta, perguntou-se porque o atraso mas antes de pensar nisso a resposta já havia aparecido em sua mente: A porcaria do ônibus hoje parou em todos os pontos e foi abarrotado de gente, não haveria de ser diferente.

Gritou sua mulher como de costume e ela o gritou de volta, estava fazendo a janta, nem comentou sobre o atraso do marido. Beijou sua amada, tomou um banho, pensou em como o trabalho é desgastante e que aquilo não é o que ele imaginou para sua vida, saiu do banho se trocou e foi jantar. No jantar a mulher havia caprichado: arroz, feijão e um belo bife acebolado, por um momento ele esqueceu todos os problemas que o aflingia, abriu uma cerveja, tomou com sua mulher, conversaram sobre futilidades, até comentaram de ter uma criança, depois ele foi para a tv e a mulher foi lavar a loça, instantes depois já estava ao seu lado novamente.

Antes que o sono chegasse a mulher se ensinuou um pouco para ele, foram para a cama e fizeram amor durante mais ou menos 20 minutos, não se lembrava, mas acreditava que esse fora seu recorde pessoal, no outro dia pensou em contar aos amigos de seu desempenho na noite passada, se ele os tivesse, os tinha mas não se falavam há tempos, o trabalho não permitia. Foi ao banheiro se lavou, escovou os dentes e deitou. Pensou novamente em como o trabalho é chato e deprimente, porém ele mesmo o corrigiu: "Ei, acorda, você precisa daquele emprego, dorme agora e para de pensar bobagem, você não é mais um jovem tolo e sonhador , você tem uma esposa e logo terá filhos, precisa de dinheiro para sustentá-los, ou acha que alguém fará isso por você". Sabia que estava certo, se virou e dormiu.

No outro dia, tudo igual, o mesmo trabalho, o mesmo sussuro, os mesmo pensamentos rebeldes, as mesmas surpresas, o mesmo bife acebolado, a mesmba bronca. Mas ele jurou: "Ano que vem será tudo diferente".

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