sábado, 21 de janeiro de 2012

O diálogo dos olhos

Olha pro céu!
Algo vem se tornando cada vez maior,
cada vez ofusca mais o sol,
cada vez se torna mais nítido aos meus olhos,
silêncio,
eis que ouço o baque!

Olha pro chão!
Aquilo caído,
sem forças,
sem credo,
sem vida,
aquilo é nosso fruto,
nossa herança.

Olha a janela!
Há manchas por toda parte,
a lágrimas por todo ser,
há cruz em toda graça,
quem dera fosse um quadro essa janela,
quem dera fosse uma janela esse espelho.

Mesmo assim...
Olha lá atrás!
Não há beleza e nunca houve,
há sempre alguém a se fazer mal,
há sempre alguém que o poder é total,
e sempre com imaculada graça,
torna a fazer ao povo desgraça.

Olha lá adiante!
Não há mais sombra daquele,
agora estamos por si,
não há mais louco a contestar nossa justiça sagrada,
há ainda aqueles que tendem a exaltar o esquecido,
criemos pois outro,
agora deveras bom e justo.

Olha pro céu...

A humanidade floresce em caminhos floridos,
mas não feito rosa,
e sim,
erva-daninha.

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